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sábado, 5 de janeiro de 2013

DE BELFORD ROXO A VILA DE CAVA A PÉ ACOMPANHANDO A ANTIGA LINHA FERREA QUE FOI MUITO IMPORTANTE PARA A BAIXADA FLUMINENSE UMA VIAGEM AO PASSADO A PROXIMA SERA DE VILA DE CAVA ATÉ JACERUBA


A pé de Belford Roxo até Nova Iguaçu: 18km pelo 1o trecho do Ramal de Jaceruba da EF Rio do Ouro

Esta série foi feita por mim e pelo  MEU amigo Guilherme   Fomos a pé descobrir o que aconteceu com as antigas estações da EF Rio do Ouro em Nova Iguaçu.

Não conseguimos ir até o final do ramal. Estamos no programando para percorrer o restante do ramal (Vila de Cava x Jaceruba e Vila de Cava x Tinguá).

Decidimos caminhar até a Estação Cava (Vila de Cava - Nova Iguaçu), partindo da Estação Belford Roxo da Supervia. Vila de Cava marca mais ou menos metade do Ramal de Jaceruba.

Fomos descobrindo uma a uma onde eram cada uma das estações até Cava e infelizmente nem escombros sobraram destas estações por que por causa de obras de urbanização, literalmente passaram o trator em cima desta valiosa parcela de história ferroviária brasileira. Assim, a única estação desativada que fotografamos de fato foi a Estação Cava, a única de pé no trecho Belford Roxo x Cava.
Quando eu e Guilherme saimos da Estação Belford Roxo, fomos à procura da primeira estação desativada do trecho: Estação Areia Branca.
A Estrada de Ferro Rio do Ouro foi aberta para transportar empregados e materiais para a construção de um aqueduto que abasteceria parte do Rio de Janeiro com as águas do Rio do Ouro e outros mananciais da Região do Tinguá. Assim sendo, como a ferrovia em si foi literalmente destruida após sua desativação e os trilhos se foram, nos guiamos por informações de moradores e por trechos onde o aqueduto está no nível da rua, visto que a informação que tínhamos é que o aqueduto margeava perfeitamente a ferrovia.

Em Belford Roxo havia saida para dois ramais da Estrada de Ferro Rio do Ouro: Ramal de Jaceruba e Ramal de Xerém. Brevemente seguimos algo que nos parecia um leito ferroviário,
Então, fazendo o caminho de volta finalmente encontramos o caminho certo e após uma caminhada de mais ou menos 20 minutos encontramos o bairro de Areia Branca por volta das 9:00.

Perguntando para moradores mais antigos aonde se localizava a antiga estação, da qual dispúnhamos de pouquíssimas informações, fomos informados que ela foi demolida em 1996 com as obras de urbanização promovidas pela Prefeitura de Belford Roxo. Hoje, no lugar da estação existe uma praça.

Local da antiga Estação Areia Branca:


Com informações de moradores, partimos para Heliópolis - o próximo bairro cortado pela Estrada de Ferro Rio do Ouro.

No caminho nos deparamos com uma pequena ponte ferroviária sobre RIO MAXAMBOMBA, ainda no bairro de Areia Branca


RIO MAXAMBOMBA


Tubulação do aqueduto QUE VAI PARA O RIO


Trilhos fincados à margem do MAXAMBOMBA


Após mais uma breve caminhada de mais ou menos 20 minutos atingimos o local da antiga Estação Heliópolis. Assim como Areia Branca, com obras de urbanização a estação foi demolida e hoje em seu lugar existe um campo de futebol, numa imensa praça no centro de Heliópolis.

Brinquedos da praça em Heliópolis


Campo de Futebol. Aqui se localizava a Estação Heliópolis


Não ficamos muito tempo. Ainda faltavam muitos quilômetros até Cava e o nosso planejamento era chegar lá às 12:00. Perguntamos a moradores e seguimos até Itaipu, ainda no município de Belford Roxo.

Não restou nada em Itaipu. Perguntamos a algumas pessoas e todas nos informaram que a estação foi demolida. Nossa última informação foi com um senhor chamado Bira, que estava completamente bêbado às 10:00 da manhã e apesar da sua boa vontade (e da nossa), suas informações não serviram de nada para conhecer o local onde ficava a estação.

A única coisa que lembra a ferrovia é o aqueduto. Encontramos mais tubulações em Itaipu.

Foi bom ter encontrado essas tubulações.  era um forte indício de que a ferrovia passava por aqui


Essa construção faz parte do aqueduto


A tubulação cortando O rio botas




rio botas sob a tubulação




De fato existe uma pequena ponte ferroviária nas proximidades deste trecho, contudo só notamos isso na próxima localidade onde houve uma estação: Miguel Couto, já no município de Nova Iguaçu.
Miguel Couto é um bairro bastante desenvolvido, . Chegando lá fomos informados por uma mulher que a estação fora demolida e em seu lugar existe uma praça. Foi mais um triste cenário.

Praça do Retiro, em Miguel Couto. Aqui ficava a estação


Do outro lado da praça existe uma construção da CEDAE (provavelmente tem a ver com o aqueduto). Nela encontramos esta placa


Então... Provavelmente a demolição se deu em 2002 no governo MARIO MARQUES


Mais uma vez pedindo informações seguimos até Figueira. Passamos por dentro do Mercado Popular de Miguel Couto e pedimos informação a um senhor que por acaso estava indo para Figueira. Ele nos acompanhou até lá em uma caminhada de aproximadamente meia hora.

No trecho entre Miguel Couto e Figueira, mais uma vez encontramos uma pequena ponte ferroviária sobre RIO DAS VELHAS


Ao lado uma outra ponte que aparenta ser da época


Córrego, sob a ponte


Mais uma da pequena ponte ferroviária


Finalmente chegamos a Figueira. Após nos despedirmos do senhor que nos acompanhou, confirmamos com outros moradores que a Estação Figueira foi demolida.

Mais um crime contra a nossa história, mais uma praça tomou o lugar de uma estação e nem sequer existe menção à Estação Figueira


Fomos informados que a estação se localizava próxima a este campo de futebol, na praça


As gerações mais novas nem sequer fazem idéia de que por aqui passou uma próspera ferrovia, e que com segurança e rapidez, hoje em dia se a ferrovia ainda existisse, a ligação com Belford Roxo e até mesmo com a Central do Brasil se daria de forma muito eficiente.

Mas independente de discussões se a ferrovia possuia demanda ou não para sobreviver (pela densidade dos lugares que passamos eu até acredito que sim), uma imensa lástima é que definitivamente essas prefeituras jogaram parte do seu passado no lixo ao não preservarem as estações Areia Branca, Heliópolis, Itaipu, Miguel Couto e Figueira. Colocaram praças no lugar das estações. Será que era muito difícil preservar a antiga estação mesmo construindo uma praça ao seu redor? Não dava pra ter as duas coisas coexistindo? Uma grande vergonha para as gestões responsáveis pela demolição de parte valiosa da sua própria história em Belford Roxo e Nova Iguaçu.

Já eram 11:40 e o sol estava forte. Seguimos até a Estação Cava, a única estação de pé que existe até hoje no trecho a partir de Areia Branca.

Estação Cava:


A Estação Cava foi muito importante para a Estrada de Ferro Rio do Ouro. Dela continuava o Ramal da Jaceruba (Belford Roxo x Jaceruba) e também partia o Ramal do Tinguá (Cava x Tinguá).

Eu e Guilherme estávamos exaustos mas cumprimos o nosso planejamento



Estado do Rio de Janeiro

E. F. Central do Brasil - E. F. Rio de Ouro


HISTÓRICO DAS LINHAS: A Estrada de Ferro Rio do Ouro foi construída para construir e cuidar dos reservatórios e do abastecimento de parte da cidade do Rio de Janeiro e foi aberta ao tráfego de passageiros em 1883. Inicialmente saía do Caju e mais tarde (1922) passou a ter como início a estação de Francisco Sá. Depois dessa mudança o seu curso inicial foi alterado e ela passou a acompanhar de muito próximo a linha Auxiliar até a estação de Del Castilho, quando se separavam as linhas. Na estação da Pavuna elas voltavam a se encontrar. O trecho final, até Belford Roxo, era compartilhado com os trens metropolitanos da Auxiliar (depois da Leopoldina) em bitola mista. Em 1970 os trens da Rio de Ouro, ainda a vapor, embora tenham sido feito testes com locomotivas diesel, deixaram de circular. A Rio de Ouro, encampada pela Central do Brasil em 1928, tinha vários ramais e três deles sobreviveram como trens de subúrbio até a mesma época da desativação da linha-tronco: os ramais de Xerém, do Tinguá e de São Pedro (Jaceruba). Parte de sua linha-tronco foi utilizada na construção da linha 2 do metrô do Rio de Janeiro.

RAMAL DE JACERUBA: O ramal de São Pedro, posteriormente Ramal de Jaceruba, foi aberto provavelmente já em 1883, com a linha principal da E. F. Rio D'Ouro. Saía da estação de Belford Roxo e seguia até a localidade de São Pedro (Jaceruba). Passou a transportar passageiros e fechou sua linha em 1970. Foi a última linha da Rio de Ouro a fechar.

RAMAL DE XERÉM: O ramal de Xerém foi aberto provavelmente já em 1883, com a linha principal da E. F. Rio D'Ouro. Saía da estação de Belford Roxo e seguia até a localidade de Xerém. Passou a transportar passageiros e fechou sua linha em maio de 1969, quando correu o último trem de passageiros.

RAMAL DE TINGUÁ: O ramal do Tinguá foi aberto provavelmente já em 1883, com a linha principal da E. F. Rio D'Ouro. Saía da estação de José Bulhões (Cava) e seguia até a localidade de Tinguá. Passou a transportar passageiros e fechou suas linhas em 1964.

Belford Roxo >> Saída dos ramais de Jaceruba e de Xerém

Cava >> Saída do Ramal de Tinguá

Rio do Ouro >> Saída do Ramal da Represa


Ramal de Jaceruba:
Belford Roxo
Areia Branca
Heliópolis
Itaipu
Miguel Couto
Cava
Cachoeiras
Adrianópolis
Rio do Ouro
Santo Antonio
Jaceruba



Ramal de Xerém:
Belford Roxo
Aurora
Baby
Km 37
Ponte do Iguaçu
Km 43
Lamarão
João Pinto
Xerém


Ramal de Tinguá:
São Bernardino
Iguaçu
Barreira
Tinguá


Ramal da Represa:
Represa
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  #11

E. F. Rio de Ouro (1883-1928)
E. F. Central do Brasil (1928-1970)


HISTORICO DA LINHA: O ramal de São Pedro, posteriormente Ramal de Jaceruba, foi aberto provavelmente já em 1883, com a linha principal da E. F. Rio D'Ouro. Saía da estação de Belford Roxo e seguia até a localidade de São Pedro (Jaceruba). Passou a transportar passageiros e fechou sua linha em 1970. Foi a última linha da Rio de Ouro a fechar.

AREIA BRANCA
Município de Nova Iguaçu, RJ
E. F. Rio de Ouro - km 29,464 (1960) RJ-4421
Inauguração: 15.01.1883
Uso atual: demolida sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d


A ESTAÇÃO: A parada de Areia Branca, aberta com a linha original em 1883, foi desativada em 1970. De Belford Roxo a Jaceruba a ferrovia foi suprimida e deixou pouquíssimos vestígios. No bairro de Areia Branca, a única coisa que restou foi o leito,que passou a servir como um grande canteiro central entre duas pistas. Atualmente (2009) boa parte desse canteiro/leito está ocupada por campos de futebol e academias ao ar livre.
(Fontes: Julio Cesar da Silva, 2009; Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960)

ACIMA: Antigo leito da Rio D'Ouro próximo à parada de Areia Branca (Foto Julio Cesar da Silva em 2009).

http://www.estacoesferroviarias.com....reiabranca.htm
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Heliópolis:
Sem dados
Itaipu:
Sem dados

MIGUEL COUTO
Município de Nova Iguaçu, RJ (veja o local)
E. F. Rio de Ouro - km 34,902 (1960) RJ-3508
Inauguração: 15.01.1883
Uso atual: moradia sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d

A ESTAÇÃO: A estação de Miguel Couto, aberta com a linha original em 1883, foi desativada em 1970. Chamou-se também Retiro. O prédio ainda existe e serve como moradia. (Fontes: Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Darville Lizis Moreth, 2008)


CAVA (antiga JOSÉ BULHÕES)
Município de Nova Iguaçu, RJ (veja o local)
E. F. Rio de Ouro - km 38,420 (1960) RJ-0639
Inauguração: 15.01.1883
Uso atual: abandonada e em ruínas sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d

A ESTAÇÃO: A estação de Cava foi aberta com a linha original da Rio D'Ouro em 1883, na localidade de Cava do Sapê. Há fontes que citam, para esta estação, a inauguração no ano de 1886. Tinha originalmente o nome de Cava, nome que foi modificado para José Bulhões, novamente voltando ao nome original no final da década de 1940. Segundo o INEPAC, é uma "construção de dois pavimentos, em estilo missiones simplificado ou californiano, em voga nos decênios de 1930 e 1940. Esta estação difere do estilo classicizante das demais instalações do ramal. A bilheteria, em construção ao lado, tem interessante marquise levemente projetada para fora da platibanda conforme o gosto art déco". Foi desativada em 1970 e ainda está de pé. O ramal de Tinguá, que dela saía, foi desativado em 1964. Em 2009, seguia ali resistindo.
(Fontes: Eduardo P. Moreira, 2009; Carlos Latuff, 2007; Orlando de Barros Barbosa; INEPAC; Coleção Sebastião de Arruda Negreiros; Correio da Lavoura, s/d; Ney Alberto: Um pouco da história de Iguassú a Iguaçu, Colégio Leopoldo, s/d; Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, 1932-79)


ACIMA: A vila de Cava em 1932. Segundo a legenda da foto, "vemos o pequeno arraial de Cava, ainda no tempo da laranja, antes do surto dos loteamentos, que se acelerou depois da Segunda Guerra, em 1945. No primeiro plano vê-se a edificação sextavada marcando o entroncamento para o ramal do Tinguá" (Jornal Correio da Lavoura, sem data - provavelmente em 2007. Foto da Coleção Sebastião de Arruda Negreiros).


O trem da Rio de Ouro chegando a Cava. Foto sem data, cedida por Orlando Barbosa

O trem da Rio de Ouro chegando a Cava. A estação está à esquerda na foto. Foto sem data, cedida por Orlando Barbosa

A estação em 2009. Foto Eduardo P. Moreira




Democracia e Liberdade!!

To Be Continued...
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Estação Cava

Que estranho. A estação Cava que o Renan fotografou não bate com essa última, cuja foto também é de 2009:




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Pode ser uma pequena construção adjancente,uma estação provisória que funcionou no lugar da original por algum tempo por motivos diversos,ou simplesmente alguém pois uma placa escrito "Cava" para fingir ser a estação,agora o porque disso é um mistério...


Pela aparência, e essa abertura lateral,pode ser uma lanchonete,bar ou,à noite, um "cabaret plus" 

E ela não parece ser uma construção de estilo antigo.Parece mais uma simples casa.





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2 comentários:

  1. Emocionante rever um pouco da história da Baixada Fluminense, fiquei bem chocada em saber que que de algumas estações não sobraram sequer vestígios, uma parte tão rica da história se perdendo para dar lugar a praças e quadras esportivas, lamentável.
    Subindo a serra de Miguel Pereira, podemos ver se não todas, ao menos grande parte das estações ferroviárias daquela época, bem preservadas, como Portela, Paty do Alferes, e aquelas de lugarejos bem pequenos como Avelar, Andrade de Costa, Cavaru , Werneck ... uma pena que na nossa região não pode ser assim.
    Parabéns pelo belo trabalho.

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  2. Sensação estranha ver como o passado pode ser apagado com tanta facilidade, mesmo se tratando de sólidas construções. Também estranho ter consciência e lembrança de ter andando no trem em direção a Tinguá um pouco antes de ser desativado antes do início da década de 70. Ass: Saito

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